domingo, dezembro 24, 2006

A força de uma palavra


Acordei hoje pensando na força que as palavras podem ter. Lembrei-me inclusive da época de cursinho, da tal coerência e coesão fundamentais numa boa redação, e como eu apresentava dificuldade neste quesito (eu nem percebia a tamanha dificuldade!). Vamos fazer um exercício?! Pense num dicionário e numa palavra. Depois vai procurar o significado da mesma no dicionário, mesmo já sabendo ele. Você irá se surpreeender com os outros tantos significados que essa palavra terá. Mas então o que determinaria tal significado? Aí vem a tão coesão de idéias... Ao associar as outras palavras do texto você poderá determinar o sentido da fase. Mesmo assim às vezes a palavra consegue ter mais de um significado. Por exemplo, veja a seguinte frase corriqueira: Eu gosto de você Propositalmente não utilizei ao fim da frase o sinal de pontuação. Observem as conotações possíveis para esta frase: Eu gosto de você... Eu gosto de você. Eu gosto de você! Eu gosto de você? Mesma frase, com teoricamente o mesmo sentido. Entretanto com interpretações diferentes. Isso é muito evidente quando expressamos as palavras através da voz. A tonalidade, associada a gestos e movimentos corporais, podem configurar expressões totalmente diferentes! Além de tudo isso, existe uma segunda pessoa nesta história: o ouvinte e/ou o leitor. Todas essas informações atingem esta determinada pessoa, que com toda a sua subjetividade de pessoa única como é vai interpretar conforme seu conjunto de crenças e idéias. Não é a toa que muitas vezes contamos uma história para alguém esperando ouvir uma opinião desta pessoa, e muitas vezes ela difere do que pensamos em um primeiro momento! (E estamos desconsiderando o fato de que sempre que repassamos uma história ela já passou pela nossa "peneira da subjetividade"). É a velha história das três verdades: a que uma pessoa conta, a que a segunda pessoa conta e a terceira, que seria a "verdadeira". Se pensarmos bem, talvez esta última é a menos verdadeira de todas porque simplesmente não pertence a ninguém.... Não me surpreende, após todo este pensamento, como escritores como Machado de Assis, conseguem encantar leitores até hoje com o clássico Dom Casmurro onde o final fica a cargo do leitor. E você, já escolheu o seu final?

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